(...) Eu dividia a cabine com três garotas, duas inglesas e uma sueca. Nós nos recolhemos cedo, pois aos passageiros da Terceira Classe era vedado o acesso a outros conveses após as 22h. Meia hora depois, sentimos um baque, mas sem demora voltamos a dormir, nós confiávamos no Titanic.
(...) ouvi batidas na porta. Era meu tio, que disse:
- É melhor você vestir um abrigo e subir para o convés.
Vesti um casacão sobre a camisola e subi. No convés, a agitação não era muito grande. Colidíramos com um iceberg, mas ninguém acreditava que o navio fosse afundar. Ele estava todo iluminado e havia música num salão da Primeira Classe. As outras três moças não sobreviveriam.
(...) Enquanto o bote 16 se afastava do Titanic, a orquestra ainda tocava. Alguém comentou que era o hino Nearer, my God, to thee. Pode ser. É um hino inglês e eu não o conhecia.
(...) Estávamos perto de outros botes e víamos icebergs à nossa volta. Então a catástrofe aconteceu. Ninguém esperava ver aquilo. Aterrorizados, ouvimos um inacreditável estrondo e uma espécie de guincho de mil vozes que veio do navio, quando ele se quebrou ao meio, para logo afundar. Estávamos petrificados.
(...) Pior do que os gritos foi o silêncio que veio depois.
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