Agradecimento

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terça-feira, 3 de abril de 2012

OS PRIMEIROS TESTES



Ao zarpar do acolhedor refúgio da baía de Belfast, o Titanic deveria se dirigir a leste para entrar no mar da Irlanda, mas aquela primeira segunda-feira de abril, após um domingo de Ramos, era um dia desagradável, com rajadas de vento, chuvoso e mar agitado. Andrews, Wilding, Sanderson, Carruthers e o capitão Smith acharam que não era conveniente realizar os testes previstos com aquele tempo ruim e marcaram encontro para o dia seguinte. Ao contrário de seu navio gêmeo, que o havia precedido, o Titanic foi submetido a um só dia de testes, em vez dos dois previstos.
-Em relação a esse detalhe, confirmava-se também que não havia nenhuma intenção de fazer revisão meticulosa no soberbo transatlântico, pois queriam recuperar o dia perdido devido ao mau tempo. Contudo, na terça-feira de 2 de abril, os motores foram ligados normalmente e desligados muitas vezes para verificação de diferentes combinações com o barco parado. Os testes em movimento compreendiam a confirmação da parada de emergência, da velocidade e do giro. Imperioso, o navio sulcou o mar e foi aumentando gradativamente as revoluções do motor, alcançando velocidade de 18 nós mantendo a mesma rota. Para comprovar a distância necessária para parar, o capitão Smith ordenou a potência máxima dos motores e, chegando a uma velocidade de 20 nós, deu ordem para parar e “totalmente para trás”.
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Foram necessários 780 metros para que o Titanic perdesse completamente a força acumulada de empuxo àquela velocidade. Depois, mediu-se a amplitude do giro, retomando a velocidade de 20 nós. O inspetor Carruthers ficou surpreso com o sucesso do giro, realizado em espaço reduzido em relação ao imenso volume do transatlântico, completando a volta em apenas 1.200 metros e ao mesmo tempo avançando 640 metros. Finalmente, na viagem de volta ao porto, testou-se a capacidade de manobra do navio, imprimindo-lhe repentinas mudanças de rumo, fazendo um zigue-zague nas águas. Carruthers, um engenheiro com o título de primeiro oficial de máquinas, representava o Ministério do Comércio e, no cumprimento de suas funções, já havia feito incontáveis inspeções no navio durante o período de construção e acabamento.
-Para encerrar o balanço nitidamente positivo daquela jornada de testes, solicitou que se testasse o movimento das engrenagens para deitar as âncoras e a resistência das gruas encarregadas de içar as lanhas de salvamento. Diante do último pedido, o capitão Smith se limitou a fazer suspender as chalupas para fora do navio e depois as fez voltar, sem abaixá-las completamente até atingir o nível do mar.Também não foi feito o controle do equipamento todo de cada chalupa, nem se verificou se o sistema de gruas e chalupas era forte o suficiente para abaixar estas com a carga completa. O inspetor não percebeu que havia acontecido um princípio de incêndio em uma carvoeira, e o capitão não lhe comunicou o fato, talvez porque pensasse resolver o problema em Southampton, um porto bem equipado que tinha recursos muito eficientes contra incêndios.
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Tudo fora condicionado às pressas. Os incidentes que haviam bloqueado o Olympic, devido aos reparos necessários, tinham influenciado de forma negativa nos prazos de construção do Titanic. A viagem inaugural deste já havia sido adiada uma vez e não seria admitida outra mudança de data, não apenas por razões econômicas, que exigiam que a segunda unidade entrasse em serviço para recuperar o dinheiro perdido por falta de sorte, apesar do sucesso perante o público, mas também por motivos de imagem, principalmente para os clientes e para a imprensa. Agora era necessário respeitar a qualquer custo o anúncio oficial do presidente Ismay determinando a viagem inaugural para antes da Páscoa.
-No último momento, também precisou ser suspensa uma breve escala em Liverpool, sede oficial da White Star Line, para registrar o nome do Titanic. O clima ruim da segunda-feira atrasou a ida para Southampton, de modo que os testes no mar acabaram, ao final, sendo de apenas doze horas. Com William Murdoch como segundo oficial e Charles Herbert Lightoller como primeiro, o novo navio símbolo da frota de John Pierpont Morgan zarpou de Belfast, direcionando a proa para Southampton.

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